Não sei - Cora Coralina

"Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas."



quarta-feira, 27 de julho de 2011

Vi São Paulo

Pela terceira vez visitei São Paulo e de novo para minha surpresa, não o encontrei; pelo menos não aquele, do noticiário das 8 horas.
O modo de caminhar a vida do São Paulo que vi é muito tranquilo, as pessoas passam com calma, conversando, comendo, parando para ver vitrines e admirando o ambiente.
Observei também, que São Paulo dorme. Certo que a gente escuta movimento de carro, de buzina de ambulãncia, bombeiro.Mas, o tráfego diminui bastante, com pouquíssimas pessoas na rua.
Percebi pelos passeios e portas de shopping, o nascimento de uma nova modalidade de exclusão, a dos fumantes. Com a lei que proibe que se fume dentro dos estabelecimentos comerciais e nas áreas internas e externas dos edifícios, residenciais e comerciais, os homens e mulheres têm que ir para a rua.
Aceitamos que nesse caso, é uma exclusão que só irá beneficiar o excluído. Mas, será essa a maneira correta? Ignorar os fumantes como se não existissem? temos a mania de resolver os problemas assim, apenas proibindo. Criando leis e pronto, num passe de mágica tudo será resolvido. E a pergunta que fica é: resolve?
Foi assim com a escravidão, determinou-se com a lei Áurea, que apartir daquele momento não haveria mais escravos e deixou-se os novos alforriados a Deus dará. Acabou o problema? Eu afirmo que não. Passados mais de 200 anos, ainda vivemos esse caos; com milhões de afro descendentes vítimas do preconceito e da falta de acesso a educação, saúde, etc. ou seja entregue a sua própria sorte.
Enfim, eu não concordo. Resolve-se um problema causando outro e fazendo de conta que não existem fumantes ou que esses não vivam em nosso planeta. Sejam verdadeiros ET's. Com a lei pensou-se nos não fumantes , que é muito correto. Mas, não podemos esquecer daqueles que comprovadamente são vítimas de uma doença, ou melhor uma dependência química. Essa situação um dia terá que ser revista.
Bem, mudando de assunto e continuando o nosso passeio por São Paulo, conto a vocês uma feira de antiguidades que vi na praça Benedito Calixto . Deliciosa. Imagine que lá você encontra de tudo: lustres, cadeiras, moedas, livros e revistas, brinquedos, dinheiro, louça, cristais, tudo enfim. É um programa interessante, alternativo, com direito a acarajé, doces de frutas e como não pode deixar de ser, o pastel paulista.
Há nesta cidade uma grande mistura de traços fisionômicos, de formas de olhos, tipos de cabelos, de tamanhos, de cor.

Encontrei mesmo, muita gente parecida com os nossos conterrâneos do nordeste, outros com fisionomia marcante do oriental, árabes, e poucos afro descendentes. O que realmente comprova ser essa, uma cidade cosmopolita.
Apesar do frio, e muita gente de botas e agasalhos elegantes, as pessoas não são bonitas. Não as que vi. Acho que a mistura não favoreceu muito não. Isto é algo até perigoso de se dizer, imagine que Ed Motta foi falar isso e o povo caiu em cima. Silvio de Abreu rebateu dizendo que o próprio artista (Ed Motta) era o representante desse povo feio. Mas, não é questão de acharmos feio ou bonito. São normais.
Porém, polêmicas à parte, é um povo bom e muito trabalhador.
Emocionei-me em plena rua, quando pensei que esse estado/país foi construído com a força de trabalho dessa gente que muitas vezes veio de tão longe, deixando suas mulheres e filhos para melhorar de vida e assim conseguiu erguer esse império.
Lembrei da música de Chico, só não tenho inveja desse povo mas muito orgulho.
E como creio, peço a Deus por minha gente.Oh! Senhor tomai conta dessa gente anônima que constrói este país. Que vontade de chorar...

domingo, 17 de julho de 2011

Viva a Amizade



A vida vai nos maltratando devagarinho...cada dia é uma coisa: doenças, trabalho, desemprego, perdas, faltas, dificuldades, desilusões,decepções. Acredito que isso é que nos envelhece e como não poderia deixar de ser, também nos amadurece.


Mas, inesperadamente ela também nos brinda com um presente maravilhoso.


Foi o que aconteceu comigo, há pouco tempo, por meio da rede social de meu filho: estampado em minha frente, as amigas da minha adolescência, queridas amigas. Confesso que fiquei muito emocionada.


Olha lá gente! Martha,Gilka,Rose,Silvana,Cássia, Vera e Nancy.


Fiz mesmo que os integrantes do Big Broder: gritei, pulei, chorei: olha lá! eu não acredito! minhas amigas e melhor ainda, me procurando...e graças a filhinha de Cássia, me achando...Obrigada Senhor!


Que me deram tantas alegrias, acompanharam os anos difíceis da minha vida, escutaram as minhas ansiedades e receios, espantaram os meus medos, perceberam os meus amores, leram as minhas ingênuas declarações.


Lembro, que tive o prazer de conhecer Elvis Presley e Chico Buarque, através da sensibilidade de Silvana. Antes só conhecia os cantores antigos por causa dos meus irmãos e os cantores da jovem guarda.


Foi uma descoberta fantástica, com a voz linda de Elvis e as composições tão profundas de Chico.


Cássia me alimentava com sua doçura. Eram deliciosos os nossos passeios pela avenida sete,na volta da escola aos sábados . Com direito ao sorvete na Primavera e compras na Sloper.


Em outros momentos, tínhamos que sair correndo com as pedras de capitão na mão por causa de um certo Almir (se não me falha a memória) que não podia vê-la jogando coisas de criança.


Gilka nos distraia com seu bom humor e a maneira prática de ser.Sofremos com sua partida coma família para os Estados Unidos. Graças a Deus retornou.


Rose ,a nossa caçulinha, engraçada, delicada, de bem com a vida. Com D.Zélia minha amiga tão querida, passeios em Dias D'avila com seu carro que eu adorava e achava lindo.


Martha e sua família, vizinhos de porta, que me proporcionaram tantos momentos felizes.


Assistimos de camarote na casa de D. Magnólia, na avenida sete, o carnaval de rua nascer, com os blocos do Jacú, Corujas, Internacional. Eram Blocos masculinos e em troca das fitas que se colocava na testa com o nome do bloco, eram beijos que dávamos. Na época ainda eram beijos no rosto.


Não havia esta disputa de quem mais beijava na boca. Encontrei um dia destes uma garota que deveria ter uns 12 anos, contando aos risos quantos havia beijado no carnaval.


Sem falar nos bailes do Bahiano, da Associação.


Com Mônica ia sempre ao Yate, e muitos a passeios quando passou um tempo na Pituba.


E até as amigas agora conhecidas: Vera e Nancy, com quem me identifiquei de imediato. E as adorei.


Foi realmente uma grande descoberta e os nossos encontros têm sido deliciosos. E, o que mais me impressiona é que parece que não nos vemos há tanto tempo. Conversamos com tanta intimidade, sem formalismos que até parece que nos encontramos ontem



Acredito que isso é o que representa ser amigo. Isso é amizade. Não importa o tempo, mas, o bem querer, a alegria de estar junto.


Obrigada meu Deus por mais essa dádiva.


E como bem diz Cássia em seu lindo cartão: VIVA a AMIZADE!!!