Não sei - Cora Coralina

"Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas."



domingo, 29 de maio de 2011

A vida é um paradoxo





Recebi um email, cuja pergunta gerou este título - "Vale a pena estudar?". O autor, justificava este questionamento, argumentando os altos salários de Ronaldinho Gaúcho e Tiririca, o palhaço que virou deputado.


Em reflexão, percebi se tratar a vida de um grande paradoxo: Curta demais para vivermos com tantos problemas e preocupações mas, ao mesmo tempo, longa para vivermos só e somente no seu superficial.


Ora, ninguém em sã consciência, pode afirmar não ser o dinheiro, algo extremamente importante.Vivemos em uma luta insana atrás dele 24 horas por dia, afinal as contas chegam, os compromissos financeiros que vamos acumulando através do tempo em que vivemos, são pesados e nada é grátis.


Certa vez li um comentário de Cláudia, uma modelo internacional que falava justamente nas vantagens financeiras que sua carreira lhe proporcionou. Ela, salientava que a que mais gostava, era poder ficar mais despreocupada, mais leve.E exemplificou, dizendo que se quisesse ligar para uma amiga do outro lado do mundo, o faria sem arrependimento ou preocupações com gastos.


Coisa que nós , simples mortais não podemos nos dar ao luxo de fazer.


Mas, gente! daí a afirmar que não vale a pena estudar, levando em conta só o fato financeiro, é pouco demais para a parte longa da vida.


O conhecimento nos torna interessantes, nos liberta e nos leva a lugares nunca antes visitado.


Saviane, um grande estudioso, diz que para alguem buscar os seus direitos e se tornar a altura dos poderosos, precisa saber, pelo menos, igual a este.


Com bilhões de anos a nos antaceder, quanto conhecimento foi gerado, quantas ferramentas dispomos para desvendar alguns mistérios da vida.


Ter o dinheiro.Ótimo.Ponto.


E agora? fazer o quê? passear, gastar, viver no luxo, dormir, comer do bom e do melhor, fazer plásticas para recuperar o que ganhou com tanto nada, vale a pena? A minha pergunta é essa.


Eu acredito no estudo, porque só assim crescemos.


Assim criamos, os nossos filhos, fazendo-os acreditar que necessitamos ter um olhar sobre o que construimos e o que fazemos com esta construção.


Claro que necessitamos ganhar o nosso dinheiro para termos uma vida confortável, mas, não descarto a apropriação do conhecimento, porque no nosso caso, é ele que cristaliza os nossos sonhos, até mesmo os financeiros.


Como é agradável conversar com a pessoa que lê, que estuda, que pesquisa, que procura saber mais. Sem falar no entendimento.


Quando estamos dialogando com estes, não há necessidade de muitas explicações. Daí o ditado popular : " Para o bom entendedor, poucas palavras bastam."


É muito pouco, só o dinheiro, para o lado longo da vida.


Paulo Freire, outro grande mestre, não se cansava de falar na importância da valorização do conhecimento acumulado no caminho da vida, que todos nós trazemos. Mas, em momento algum, ele o definiu como o bastante.


Quantas vezes, nos deparamos com fatos que julgávamos verdades absolutas, e temos que ceder lugar a outras versões? Isto só o conhecimento nos conduz.


Raul Seixas, bradava ser uma metarfose ambulante. O saber, está por trás das nossas grandes transformações. Se não, se pergunte, o que sou hoje, que não era antes? E o que me possibilitou esta mudança?


Mas, é necessário entender, que penso como Freire, a sabedoria cada um possui a sua.


Pessoalmente, julgo a minha avó Lili, como uma das pessoas mais sábias deste mundo, e não me consta que ela possuisse algum estudo formal.Mas, isto é assunto para outro momento.


Mesmo Lula que vive se gabando de não ter terminado os estudos, e de sua mãe ser analfabeta, teve que avançar nos estudos para ser chefe de Estado. Pode não ter sido matemática, física, biologia, mas, não me diga que ele não teve que aprender o mínimo de exportação, inflação, diplomacia, petróleo, comunicação, etc. para poder mandar. Não entremos no mérito, se havia necessidade de estudar mais coisas, não é o assunto da vez.


Mas, fica a pergunta?


Vale a pena só ganhar dinheiro?





sábado, 28 de maio de 2011

Onde está você agora?

O pequeno Joãozinho estava se divertindo bastante no parque infantil no Iguatemi. Não era para menos, havia espaço e brinquedos de todo tipo e maneira. Eu o seguia por todo lado.Por se tratar de meio de semana, só encontramos um criança de mais ou menos uns seis anos.

Prestei bastante atenção nela porque se parecia com uma bonequinha de louça, cheia de cachinhos castanhos.

A sua acompanhante, uma senhora negra, vestinda com simplincidade, dizia que nada entendia do que ela falava e a seguia com delicadeza.

Ficamos sabendo que a bonequinha era italiana, por isso a falta de comunicação.

O que me chocou, no entanto, foi o meu julgamento.

Pensava na senhora, como sua babá. E refletia que aquela família tinha sorte, em ter achado uma senhora tão simpática para cuidadora, netes tempos difíceis de encontrar alguem para ajudar nas tarefas diárias, especialmente com crianças.

Com a chegada do seu pai, a verdade: Aquela senhora não era a babá mas, a avó da criança.

E aí, veio a dor, a raiva e a grande decepção comigo mesmo.

PRECONCEITO.

Que palavra triste! Que sentimento cruel!

Porque Senhor, fui pensar assim?

Se aquela senhora fosse branca, com certeza não seria este o meu raciocínio..

Aonde meu Deus, este sentimento mora dentro de mim? se o meu coração o deplora.E o meu cérebro o repudia com todas as forças do meu ser.

Conto para ver, se deste modo, ele (sentimento) envergonhado e não desejado, vá embora.